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08/01/2011 - Tratamento de efluente imitando a natureza pode ser a solução para despoluição das águas

(DeFato Online)

Uma tese de mestrado defendida em dezembro de 2010, no Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (UnilesteMG) demonstrou experimentalmente que imitar os processos ecológicos naturais pode ser a melhor solução para resolver grandes problemas do planeta.

O autor é o geógrafo Sebastião Tomas Carvalho, empregado da CENIBRA, onde atua como especialista no Departamento de Meio Ambiente. Tomas, que é professor na área de gestão ambiental, tem experiência em tratamentos de resíduos e é especialista em educação ambiental. Como o autor explica, “se não fosse a famigerada exploração do homem no planeta, a natureza teria soluções para todos os seus problemas. Partindo deste princípio, entender os processos que a natureza tem para se manter em equilíbrio pode ser o caminho para solucionar vários de nossos problemas”, declara.

Considerando que atualmente um dos maiores problemas enfrentados pela humanidade é a falta de água de boa qualidade, sobretudo para irrigação e usos domésticos, Tomas priorizou este assunto em seu estudo. Como premissa, partiu do princípio que as áreas alagadas são verdadeiros filtros naturais, onde a água que sai é sempre mais limpa que a que chega. “Nestas áreas alagadas, há vários seres vivos que contribuem para esta filtragem, sobretudo plantas aquáticas, também conhecidas como macrófitas”, afirma.

Assim, imitar esse processo para tratar águas poluídas ou efluentes poderia ser uma excelente ideia, sobretudo no clima tropical, onde as reações acontecem com maior rapidez e também onde concentram os maiores problemas mundiais relacionados à poluição das águas. O estudo, que contou com o apoio da CENIBRA, contemplou também um experimento implantado em uma área de compostagem de cascas de madeira, processo que gera uma porção líquida conhecida como chorume e que não pode ser lançada no ambiente. Para tanto, foram construídas áreas alagadas artificiais por onde o chorume passaria e encontraria pelo caminho um sistema ecológico parecido com um brejo: alagado e cheio de plantas aquáticas. A planta utilizada no experimento foi a Typha sp., popularmente conhecida como taboa e muito utilizada para confecção de artesanato no meio rural.

Estas áreas alagadas receberam chorume e foram monitoradas por nove meses, tanto do líquido que entrava na área alagada como daquele que sai, objetivando assim, medir a eficiência do tratamento. Os resultados demonstraram que o sistema é eficiente como despoluidor de águas, pois removeu matéria orgânica em taxas de até 28,4% de DQO (demanda química de oxigênio) e 45,7% de DBO5 (demanda bioquímica de oxigênio). Os sólidos suspensos totais foram removidos em até 82,6%, o nitrogênio total foi removido em até 45,2%, o fósforo total foi removido em até 61,5% e a turbidez foi reduzida em 73,9%.

Ressalta-se que a eficiência deste sistema pode melhorar muito, dependendo do dimensionamento das áreas alagadas. Importante considerar que a maioria dos sistemas de tratamento de efluentes líquidos implantados no Brasil remove apenas matéria orgânica e não nitrogênio, nem fósforo, que são os maiores poluidores das águas dos rios.

Segundo Tomas, por este sistema remover nitrogênio e fósforo, “a sua implantação conjugada com estações de tratamento de efluentes e de esgotos é uma forma de aumentar significativamente a qualidade do tratamento”. Tomas conclui que este sistema é muito adequado para o tratamento de chorume de aterros sanitários. Considera ainda que exista um enorme espaço para aplicação desta tecnologia no Brasil, pois milhares de municípios ainda não implantaram estações para tratamento de esgotos nem sequer aterros sanitários para destinação adequada do lixo.

Há de se destacar também que, diferentemente dos sistemas de tratamento convencionais, este não requer uso de energia elétrica, pois não utiliza bombas nem aeradores e, ao contrário, pode ser produtor de energia, por meio da queima de biomassa das plantas. O total de biomassa produzida foi de 280 kg nos 36,2 m2 nas duas áreas alagadas do experimento, correspondendo a uma produtividade de 77 toneladas por hectare.

A matéria orgânica produzida nestes sistemas pode também ser compostada, ou seja, transformada em adubo orgânico para culturas agrícolas. Estas plantas podem ser utilizadas também como fibras para diversos fins, desde o artesanato, a produção de papéis, dentre outras aplicações. A biomassa produzida refere-se em grande parte a CO2 retirado da atmosfera, o que significa que este sistema é também despoluidor do ar e contribui para a redução do aquecimento global.

Outra vantagem relacionada ao baixo custo deste sistema é a sua aplicação para o tratamento de esgotos em comunidades situadas em regiões onde não há energia elétrica e poucos recursos financeiros para aplicar. Há estudos que afirmam que os investimentos em saneamento podem reduzir proporcionalmente até quatro vezes os gastos com doenças relacionadas à contaminação da água.

Estes sistemas são utilizados em países da Europa e Estados Unidos. Todavia, em nossas condições climáticas eles são muito mais eficientes. O estudo apresentado trata-se de uma das mais adequadas tecnologias para despoluir as águas dos rios brasileiros, o que significa mais saúde para a população e para os ecossistemas.




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